A homenagem das Dicas de Leitura de agosto é para Jô Soares, que faleceu em 5 de agosto de 2022, aos 84 anos em São Paulo. Dentre as áreas culturais que atuou, escreveu livros de história policial, crime e mistério, romance, humor, crônica e sua autobiografia. Suas obras fazem parte do acervo das bibliotecas municipais e estão disponíveis para consulta e empréstimo.
"Tudo o que fiz e tudo o que faço sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre."
“O medo da morte é um sentimento inútil: você vai morrer mesmo, não adianta ficar com medo.
Tenho medo de não ser produtivo”.
Jô Soares, José Eugênio Soares, foi humorista, apresentador de televisão, escritor, dramaturgo, diretor teatral, ator, artista plástico e músico brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de Janeiro de 1938 e faleceu em São Paulo em 5 de agosto de 2022. Estudou no Colégio São Bento no Rio de Janeiro e até a adolescência viveu nos Estados Unidos. Posteriormente, estudou na Suíça, para se preparar para a carreira diplomática, porém seu dom humorístico o levou para a vida cultural da tv, do teatro e da literatura. Estreou na televisão em 1958, no programa Noite de Gala, na TV Rio e posteriormente participações na TV Tupi e TV Record, onde atuou com sucesso no show A Família Trapo até 1970, quando então assinou com a TV Globo e se dedicou ao projeto Viva O Gordo. Em 1987 seguiu para o SBT onde apresentou o talk-show Jô Soares Onze e Meia por 11 anos. O retorno à Globo ocorreu em 2000, quando ele estreou o também talk-show Programa do Jô, exibido até 16 de dezembro de 2016, quando Jô se afastou da televisão. Poliglota, dedicou sua vida também ao teatro, à música e à literatura. Jô Soares foi eleito para a Academia Paulista de Letras para a cadeira n.º 33 em 4 de agosto de 2016. Conheça o lado de escritor de Jô e leia algumas de suas obras disponíveis nas bibliotecas de SMB.
Assassinatos na Academia Brasileira de Letras: romance - Jô Soares
Durante seu discurso de posse, o senador Belizário Bezerra, o
mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras, cai fulminado no
salão do Petit Trianon. A morte de outro confrade, em circunstâncias
semelhantes, súbita, sem sangue e sem violência aparente, traz uma
tensão inusitada para a tradicionalmente plácida casa de Machado de
Assis: um serial killer literário parecia solto pelo pacato Rio de
Janeiro de 1924, e não estava pra brincadeira. Queria ver mortos todos
os imortais. Os "Crimes do Penacho", como a imprensa marrom apelidou a
série de assassinatos, despertaram a curiosidade do comissário Machado
Machado, um tipo comum na paisagem carioca não fosse o indefectível
chapéu-palheta, a pinta de sedutor irresistível e a obstinação em provar
que aquelas mortes jamais poderiam ser coincidências. Em sua
investigação, que serpenteia entre um chope e outro no Café Lamas, uma
visita ao teatro São José, uma passada no cemitério São João Batista e
outra na Lapa, Machado Machado encontra suspeitos por toda parte:
políticos, jornalistas, religiosos, nobres falidos, embaixadores,
crupiês, poetas maiores e menores, homens de letras, magnatas da
imprensa, alfaiates e atrizes francesas, quase todos com um pendor
inescapável para o assanhamento e a malandragem. Assassinatos na
Academia Brasileira de Letras alia o sabor da prosa de Jô Soares a uma
pesquisa histórica que reconstitui nos mais ricos e engraçados detalhes
um Rio de Janeiro que até agora não estava nos livros: parecia estar
apenas na memória de quem o viveu. Jô mistura erudição e humor, texto e
imagens, suspense e comédia de costumes - fórmula secreta que, na mão
dos grandes autores, garante a marca da melhor literatura.
Romance brasileiro - Século 20
O Astronauta sem regime - Jô Soares
O primeiro livro escrito por Jô Soares é uma coletânea de
contos, poesias e crônicas humorísticas. Um caçador de elefantes que
chega a uma triste conclusão em relação ao caráter destes imensos
animais; o duelo “intelectual” entre um admirador de Beethoven e um
admirador de Gardel; o homem que pagava várias vezes a mesma conta e
sempre queria pagar mais; fábulas, testes, frases, o JÔ-jornal, e o
pequeno dicionário imbecil. O Astronauta Sem Regime mostra a outra face
de Jô Soares: o escritor, e como na televisão e nos teatros, faz rir
com o talento, o humor e a inteligência deste grande humorista
brasileiro.
Humorismo brasileiro - Século 20
As esganadas: romance - Jô Soares
Jô explora mais uma vez tema que lhe é caro: os
assassinatos em série. No entanto, tal como Alfred Hitchcock, que
desprezava os romances policiais cujo objetivo se resume a descobrir
quem é o criminoso (o famoso “whodonit”), Jô Soares revela logo no
início não somente quem é o desalmado como sua motivação psicológica
(melhor dizer psicanalítica) para matar. O delicioso núcleo narrativo
está nas tentativas aparvalhadas da polícia de encontrar um criminoso
que, além de muito esperto e de não despertar suspeita nenhuma, possui
uma rara característica física que dificulta sobremaneira a utilização
dos novos “métodos científicos” da polícia carioca. Para investigar os
crimes, o famigerado chefe de polícia Filinto Muller designa um delegado
ranzinza, assessorado por um auxiliar obtuso e medroso, e que contará
com a inestimável ajuda de um sofisticado e culto ex-inspetor. Na
perseguição ao criminoso, os três investigadores ganham a desejável
companhia de uma jovem linda, destemida, viajada e moderna, que é
repórter e fotógrafa da principal revista ilustrada do país. O leitor
também pode se fartar aqui com uma outra faceta constante da obra
literária de Jô Soares: a escolha de um momento do passado para cenário
de sua narrativa, o que lhe permite entrar em detalhes históricos
curiosos enquanto desenvolve a trama. Desta vez, voltamos ao Rio de
Janeiro do Estado Novo, tendo por pano de fundo mais amplo o avanço do
nazismo e as primeiras nuvens ameaçadoras que anunciam a Segunda Guerra
Mundial. Entre os eventos da época que Jô resgata estão uma corrida de
automóveis no Circuito da Gávea (de que participam o cineasta Manoel de
Oliveira e o lendário Chico Landi) e a transmissão pelo rádio da derrota
do Brasil de Leônidas da Silva para a Itália na semifinal da Copa de
1938, na França. Com a verve que lhe é característica, Jô consegue
realizar a façanha de narrar uma série de crimes brutais, com requintes
inimagináveis de crueldade, e deixar o leitor com um sorriso satisfeito
nos lábios.
Romance brasileiro - Século 20; Histórias policiais; Histórias de crimes e mistérios
O homem que matou Getúlio Vargas: biografia de um anarquista - Jô Soares
Biografia de um anarquista fictício que, entre 1914 e 1954, percorre
várias partes do mundo para cumprir uma gloriosa e desastrada missão:
matar tiranos. Romance em que até a História (a verdadeira) parece coisa
de humorista. Nome: Dimitri Borja Korozec. Filiação: pai sérvio, mãe
brasileira. Marca de nascença: seis dedos em cada mão. Ideologia: algo
assim como uma espécie de anarquismo. Profissão: assassino. Vítimas
preferenciais: líderes políticos. Ele é o homem certo: formou-se numa
escola de assassinos altamente conceituada, tem uma pontaria
extraordinária e está sempre disposto a dar cabo dos tiranos que
infestam o mundo. Mas sofre de um problema crônico: é desastrado. Com
ele não tem meio-termo: é tudo por um triz. Em 1914, por exemplo, na
Europa, foi ele quem quase desencadeou a Primeira Guerra Mundial... E é
sempre assim, negando fogo, que o anarquista Dimitri Borja Korozec
participa ativamente de importantes episódios históricos e convive com
estrelas como Mata Hari, Al Capone, Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas,
entre outros. No Xangô de Baker Street, Jô Soares pintou e bordou com o
gênero policial. Desta vez, o alvo escolhido são as biografias. Com sua
inteligência fina e em permanente estado de alerta, também aqui ele
mistura ficção e realidade e faz com que tudo neste romance pareça uma
"sincronia arquitetada pelo acaso". O grande arquiteto do riso é ele
mesmo - Jô Soares -, mas o leitor verá que às vezes a própria História, a
verdadeira, também parece coisa de humorista.
Romance brasileiro - Século 20
Humor nos tempos do Collor - Jô Soares; Millôr Fernandez; Luís Fernando Veríssimo
Este é um encontro de três grandes escritores do Brasil: Jô Soares,
Luis Fernando Verissimo e Millôr Fernandes. A obra é uma coletânea de
crônicas e charges, retiradas de jornais da época, que retratam desde a
posse até a crise e os diversos escândalos na época do ex-presidente
Collor. O título é uma referência ao romance de Gabriel Garcia Marquez,
“O Amor nos Tempos do Cólera”. O livro, apesar de ter quase 30 anos,
ainda é muito atual, além de ser uma ótima maneira de entender aquele
período, vendo da perspectiva cômica dos autores. Rir pode até não ser o
melhor remédio, mas em tempos de crise é um jeito de encarar os
problemas, afinal “Todo brasileiro é corrupto… mas tem uma panelinha que
monopoliza as verbas!”
Humorismo brasileiro - Século 20
O xangô de Baker Street: romance - Jô Soares
Neste livro hilariante, Jô Soares alia uma rigorosa pesquisa histórica
sobre a vida no Rio de Janeiro do Segundo Reinado à sua inventividade
sem fronteiras. Romance "cômico-policial", O Xangô de Baker Street
constitui uma engraçada mistura de cenário muito preciso do passado - a
capital do país por ocasião da primeira visita da legendária atriz
francesa Sarah Bernhardt, figuras conhecidas da história política e
cultural do país, como Olavo Bilac, Chiquinha Gonzaga, Paula Nei, D.
Pedro II, e personagens de ficção, como Sherlock Holmes e o indefectível
Dr. Watson, importados para desvendar o desaparecimento inconveniente
de um violino Stradivarius que deixara o imperador em sérios apuros. Mas
as ilustres criaturas de Conan Doyle acabam sendo requisitadas para
solucionar uma série de crimes hediondos e enigmáticos. O resultado é um
livro delicioso, em que as modas e os costumes da capital imperial no
século XIX vêm acompanhados de algumas suposições mais ousadas, como a
de o Brasil ser o berço do primeiro serial killer da história. Por sua
vez, o texto vai do jocoso dos diálogos e da gozação do francesismo
brasileiro de então ao hilariante de diversas cenas, e revelações
estarrecedoras sobre a vida alimentar, farmacológica e sexual do famoso
detetive da rua Baker. O Sherlock de Jô descobrirá as delícias sensuais
dos trópicos, aprenderá alguns costumes nativos, exercerá seus
brilhantes dotes dedutivos (para espanto e incredulidade dos pobres
mortais), mas será obrigado a admitir que os crimes abaixo do Equador
não são tão elementares, meu caro leitor.
Romance brasileiro - Século 20; Histórias policiais
A Copa que ninguém viu e a que não queremos lembrar - Armando Nogueira; Jô Soares; Roberto Muylaert
Jô Soares escreve em coautoria com os jornalistas Armando Nogueira e
Roberto Muylaert. Os três assistiram à Copa de 1950, estavam na final
no Maracanã, na qual o Brasil perdeu no Uruguai, um dos resultados mais
inesperados da história do futebol. Quatro anos depois, estavam também
na Suíça e testemunharam a chamada “batalha de Berna”, como ficou
conhecida a derrota para a Hungria por 4 a 2, que eliminou o Brasil
daquele mundial. Uma partida violentíssima, onde duas equipes de extrema
técnica deixaram o futebol bonito de lado e travaram um embate físico
intenso. A reunião dos textos sofisticados dos autores, que não se
conheciam nessa época, dá lirismo a momentos de decepção coletiva diante
de duas derrotas marcantes da seleção.
Crônicas brasileiras - Século 20; Copa do Mundo (Futebol)
O livro de Jô, volume 1: uma autobiografia desautorizada - Jô Soares; Matinas Suzuki Junior
Com verve mais afiada do que nunca, Jô Soares compartilha sua
trajetória de astro midiático num livro de memórias escrito para fazer
rir, chorar e, sobretudo, não esquecer. O primeiro volume resgata fatos,
lugares e pessoas marcantes da juventude de Jô e reconstitui seus
primeiros passos no mundo dos espetáculos, nas décadas de 1950 e 1960.
Entre a infância dourada no Copacabana Palace e a dura conquista do
estrelato, acompanhamos o autor do nascimento aos trinta anos. Os
antecedentes familiares, a meninice privilegiada nos palácios da elite
carioca, a mudança para um internato na Suíça, os marcos da formação
cultural do futuro showman na adolescência, a paixão pelo jazz, a
estreia modesta em pontas no cinema e na televisão, o primeiro casamento
e, finalmente, a conquista do sucesso numa São Paulo fervilhante: tudo
que você sempre quis saber sobre Jô, ele mesmo conta, com o talento
narrativo do romancista de O Xangô de Baker Street e O homem que matou
Getúlio Vargas.
Soares, Jô, 1938-2022; Apresentadores (Teatro, televisão, etc.) - Brasil – Biografia; Humoristas brasileiros - Autobiografia
O livro de Jô, volume 2: uma autobiografia desautorizada - Jô Soares; Matinas Suzuki Junior
Jô Soares representou mais de duzentos personagens humorísticos e criou
dezenas de bordões que entraram para o repertório da língua portuguesa
do Brasil. No seu programa de entrevistas que durou 28 anos fez cerca de
14 mil entrevistas. Fez oito espetáculos solos em longas temporadas,
dois deles apresentando também em Portugal. Dirigiu 24 peças de teatro e
fez dez peças como ator. Escreveu oito livros que já venderam 1,5
milhão de exemplares no mercado brasileiro, tendo sido traduzidos em
vários países, entre eles Estados Unidos, França, Itália, Japão e
Argentina. No volume 2 desta autobiografia desautorizada, revela como
chegou a distribuir hóstias ao lado de Dom Hélder Câmara, sua vida de
motoqueiro encerrada com dois acidentes, o processo que sofreu durante o
período da presidência do general Emílio Garrastazu Médici (e como foi
absolvido com um testemunho do poeta Carlos Drummond de Andrade), a
saída para o SBT no auge do sucesso na Globo, os casamentos, a perda do
filho Rafael, além de sua admiração profunda por figuras gordas como
Orson Welles e Winston Churchill. Mas, mais do que tudo, o leitor se
deliciará novamente com as histórias dele e dos outros, contadas com o
melhor da verve de Jô Soares.
Soares, Jô, 1938-2022; Apresentadores (Teatro, televisão, etc.) - Brasil - Biografia
Veja também as obras:
MANET, Eduardo; SOARES, Jô. Frankensteins: uma comédia gótica. São Paulo (SP): [s.n.], 2002. 59 p. tradução e direção Jô Soares
Teatro brasileiro - Século 20
Quadro de luz - SOARES, Jô
et al. (texto crítico Paulo Klein; curadoria José Roberto Aguilar,
Ivald Granato) [S.l.]: [s.n.], 2004. 60 p. Exposição realizada no Museu
Brasileiro da Escultura (Mube), São Paulo (SP), em 2004.
Arte digital – Brasil - Exposições - Catálogos; Soares, Jô, 1938-2022; Arte e tecnologia – Brasil - Exposições - Catálogos
ERMAKOFF, George; SOARES, Jô; GUINLE, Jorge. VARIG 75 anos: histórias de viagem. São Paulo (SP): Varig, 2002. 154 p.
Viação Aérea Rio-Grandense - História; Transportes aéreos - Fotografias e ilustrações
Fontes biográficas:
Academia Paulista de Letras – Biografia de Jô Soares, que desde 2016, integrava a Academia Paulista de Letras, ocupando a Cadeira 33, que foi de Altino Arantes, na sucessão a Francisco Marins. http://www.academiapaulistadeletras.org.br/academicos.asp?materia=193
Wikipedia - Jô Soares https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%B4_Soares
Memória Globo - Jô Soares https://memoriaglobo.globo.com/perfil/jo-soares/noticia/jo-soares.ghtml
Foto de Jô Soares - Por Fm P@s, remix de Olimor. - Flickr (link da imagem original), CC BY-SA 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=33557409
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