Fernanda Maria Young de Carvalho Machado foi escritora, roteirista, apresentadora e atriz brasileira. Nascida em Niterói em 1º de maio de 1970, faleceu dia 25 de agosto de 2019. Estreou como roteirista da série "Comédias da Vida Privada" baseada nos textos de Luis Fernando Veríssimo em 1995 e lançou seu primeiro romance "Vergonha dos Pés" em 1996, marcando seu sucesso na literatura com mais treze livros. As Dicas de Leitura de setembro prestam homenagem à autora indicando seus livros disponíveis no acervo das bibliotecas públicas municipais.
"Quando entrou no ônibus, foi sentar no único lugar vazio ao lado de uma janela. Gosta de andar de ônibus quando consegue a janela. De lá, pode ver as pessoas que vão nos carros. Ana sente um certo prazer de imaginar a vida das pessoas dentro dos carros e também dentro dos apartamentos. Fica olhando tudo, enquanto aguarda um sinal abrir ou um engarrafamento andar. Dos prédios, os primeiros três andares são os seus prediletos. Imagina as pessoas que moram ali – pouco consegue realmente enxergar, mas os lustres e alguns quadros já dão a ideia de seus donos. Uma vez, indo para a universidade, ela viu uma velha na janela de um prédio antigo. A velha penteava os ralos cabelos brancos e parecia rir bestialmente. O ônibus foi embora e aquela imagem ficou em sua mente. Agora, enquanto ia para a fisioterapia, tornava a pensar na velha. Terá ela morrido?"
Trecho de “Vergonha dos pés - Fernanda Young (1996)”
Trecho de “Vergonha dos pés - Fernanda Young (1996)”
Aritmética
O escritor e professor João Dias encanta-se com a aluna América e se envolve numa história de amor tão cálida quanto platônica, tão real quanto inatingível. Ambos casados, os novos amantes criam uma regra para preservar a clandestinidade: o segundo encontro se daria um mês depois do primeiro, o próximo dali a dois meses e o seguinte após quatro meses, assim sucessivamente. Poucos encontros, muitos livros, poemas, cartas e décadas depois, o velho João Dias permanece enredado nessa história de amor latente, multiplicando América em cada nova amante, metáfora poética e página escrita. Fernanda Young expõe a delicada geometria das relações amorosas. Casamento, sexo, traição, amor, ódio, literatura, desejo e dor são elementos decompostos até as entranhas, num romance arquitetado com arrebatamento, sensibilidade e fina ironia. Uma história que mostra que, nas relações íntimas, alguns resultados são sempre irracionais - e algumas equações simplesmente não têm solução.
Carta para alguém bem perto
Não, Ariana não quer ser a garota-propaganda do novo comercial da rede de supermercados Lisboão, da qual o marido é dono. Na verdade, Ariana abomina a proximidade entre os negócios de Rodolfo e a sua vida. Quando os dois se conheceram, ela era uma bailarina jovem e linda. Durante os três anos em que viveram em Londres, a vida transbordava pelos poros dos dois. Ariana acreditou que Rodolfo, assim como ela, se tornaria um grande artista.
Agora, aos 34, mãe de uma pré-adolescente e cercada de luxo e riqueza, Ariana não dança mais. Apenas se deixa levar por uma música monótona e previsível, conduzida por um homem a quem nem sabe se ainda ama. Algo parece estar fora do lugar em sua vida. Ou será que o problema é justamente o contrário: tudo está congelado, enquanto o tempo teima em passar? Ansiando por algo novo, Ariana aceita um convite inusitado para viajar de carro pelo sul da França ao lado de um antigo amigo de Rodolfo. Soropositivo, Bruno será o companheiro perfeito na aventura que devolverá esperanças à vida de Ariana. A viagem faz com que ela se lembre de prazeres e desejos antigos, até então esquecidos, e reflita sobre o que, afinal, deve-se esperar da vida.
Dores do amor romântico
Fernanda Young mergulha no universo da poesia em Dores do amor romântico, e mostra que seus versos podem ser tão afiados quanto sua prosa. Os poemas falam da coragem de se lançar em uma relação a dois, sem esquecer elementos que caminham junto com a paixão, como a precipitação e o sofrimento. Com uma linguagem coloquial, que abre espaço para gírias e palavrões, a autora expõe, com a intensidade de uma adolescente, as emoções de uma mulher adulta. Espontânea e direta, Fernanda foge do amor idealizado e apresenta o lado mais sombrio desse sentimento, flertando com a possibilidade da morte e do suicídio em vários momentos. Canta a miopia dos amantes histéricos, o tédio dos casais confortáveis, a cólera dos abandonados e a melancolia dos platônicos, revelando o doce e o amargo das relações amorosas e da própria condição humana, com seu olhar singular e seu humor ferino.
O efeito Urano
O amor, muitas vezes, é um sentimento complicado, que provoca mudanças na vida de alguém. No caso de Cristiana, a protagonista, a transformação foi radical: ao se envolver com Helena, ela arriscou o casamento e uma vida confortável ao lado de um marido apaixonado para embarcar em uma aventura. Alternando trechos em primeira pessoa com a interferência de um narrador desconhecido, o livro mostra como Cristiana foi se interessando cada vez mais por Helena, se deixando seduzir pela experiência nova – um relacionamento homossexual – e mergulhando em um turbilhão de sensações, que vão da felicidade plena ao mais profundo grau de tristeza e decepção. Comportando-se como uma adolescente mimada, Cristiana testa os limites de Guido, deixando o marido de lado para ficar perto de Helena o máximo possível. Ao idealizar o relacionamento com Helena, Cristiana vive um breve sonho, que se transforma em pesadelo no instante em que o peso da realidade cai sobre seus ombros. Mais do que uma história de amor, trata de escolhas e mostra como elas afetam a vida das pessoas.
Estragos
Estragos reúne as primeiras aventuras literárias de Fernanda Young, do período entre 1987 e 1995, quando ela tinha entre dezesseis e vinte e cinco anos de idade. Pela primeira vez publicados, os dezoito contos deste livro revelam a personalidade de uma jovem buscando seu estilo, um prenúncio do trabalho que viria a desenvolver nos anos seguintes, em seus mais de dez livros publicados.
O pau
Linda, bem nascida e com uma carreira de sucesso, Adriana tem 38 anos e sofre com as inseguranças que atingem algumas mulheres de sua idade. Por dentro, as marcas de sucessivas decepções amorosas a tornaram extremamente desconfiada. Nesse contexto, entra na vida da designer de joias um jovem ator de 24 anos. Bonito, com um corpo malhado e, para completar, se dizendo completamente apaixonado por ela. Mesmo sem querer acreditar muito que possa ser verdade, Adriana termina embarcando na história, dizendo a si mesma que não é amor o que sente, está só aproveitando a chance de desfilar por aí na companhia de um belo rapaz, mais novo, que está ao seu lado porque tem a chance de aprender sobre o mundo e levar uma vida melhor. Tudo parece ir bem até uma noite em que, acordada sozinha na sala da casa do namorado, ouve o celular dele apitar com uma mensagem de um remetente sem nome. Em poucos minutos, a desconfiança de Adriana cresce e ela descobre a identidade de quem mandou o torpedo: uma modelo e atriz que diz ter 21 anos. Diante dos sinais de traição, a designer monta um elaborado plano de vingança, com o objetivo de destruir 'aquilo' que a maioria dos homens mais preza na própria anatomia.
As pessoas dos livros
Para Amanda Ayd, as palavras têm mais valor do que qualquer ação. É nas palavras que ela encontra sustento, sanidade e prazer. Depois de uma aclamada estréia na literatura, Amanda firmou-se como uma das romancistas mais promissoras de sua geração. Com ímpeto e fôlego de sobra, em apenas um ano escreveu dois novos livros, sendo todos muito bem recebidos. Amanda trabalha obsessivamente em sua obra e acredita que a literatura é a vida aperfeiçoada, livre da banalidade. Porém, um debut glorioso pode ser uma das armadilhas mais cruéis para um artista. Quando o editor que antes a incensava rejeita o livro que ela acaba de concluir, Amanda inicia um longo processo de queda que transformará sua arte e também sua vida. Para completar descobre a traição do marido. Diante de tudo isso, é natural que Amanda busque mais do que nunca o auxílio das palavras em cartas e poemas escritos com os sentimentos à flor da pele.
Pós-F: para além do masculino e do feminino
Em sua primeira obra de não ficção, Fernanda Young se insere no acalorado debate sobre o que significa ser homem e ser mulher hoje. Em textos autobiográficos, ela se revela como uma das tantas personagens femininas às quais deu voz, sempre independentes e a quem a inadequação é um sentimento intrínseco. E esse constante deslocamento faz com que Fernanda seja capaz de observar o feminino e o masculino em todas as suas potencialidades. É daí que surge o Pós-F, pós-feminismo e pós-Fernanda, um relato sincero sobre uma vida livre de estigmas calcada na sobrevivência definitiva do amor, no respeito inquestionável ao outro e na sustentação do próprio desejo. No livro, que é ilustrado com desenhos da autora, Fernanda oferece sua visão de mundo na tentativa de superar polarizações e construir algo maior, em que caibam todos os gêneros.
A sombra das vossas asas
Pode um amor ser destrutivo e, ao mesmo tempo, viciante? Ao contar a história do fotógrafo Rigel Dantas e da jovem Carina, que armou um elaborado plano para conquistá-lo e se tornar sua mulher, a autora mergulha em um universo de manipulação, loucura, fascínio e dependência. Com a morte do pai a jovem se viu com dinheiro suficiente e liberdade para satisfazer os próprios caprichos. Sonhando ser modelo, ela marca uma sessão de fotos com Rigel, conhecido por revelar futuras estrelas do mundo da moda. Decepcionada ao perceber que foi considerada mais uma menina sem talento, Carina é dominada pela raiva e decide se vingar, tornando-se tão irresistível para Rigel que a única alternativa dele será pedi-la em casamento. Encantado pela personagem que Carina construiu, Rigel se deixa prender em uma teia de ciúme, obsessão e chantagem emocional, tecida com habilidade por uma pessoa que aparenta ser charmosa, discreta e centrada. Mas uma farsa, ainda que habilmente criada, não se sustenta para sempre.
Tudo que você não soube
Fernanda conta a história de uma mulher sem nome que escreve ao pai moribundo, com quem não fala há anos. O romance traz o conteúdo dessa longa carta, na qual a personagem faz um resumo detalhado da sua vida, dividida entre o desejo de chamar a atenção do homem que a colocou no mundo e a vontade de chocá-lo com suas revelações. Traça um parâmetro entre seus traumas de infância e a mulher que se tornou: sóbria, dissimulada e imersa em um poço de desamparo e solidão, embora as aparências mostrem alguém que leva uma vida normal.
Ao exteriorizar sua raiva, ela mostra de que forma reagiu à dor e encontra uma maneira de não ceder à hipocrisia que a cerca. Embora cada frustração seja única e impossível de ser compartilhada, os leitores percebem que ninguém está sozinho na dor, mesmo que o sofrimento seja uma experiência individual.
Vergonha dos pés
A solitária Ana, que sonha ser escritora, é a protagonista de Vergonha dos pés, romance de estreia de Fernanda Young e que virou peça de teatro. Cursando a faculdade de letras, a personagem decide abandonar as aulas para se dedicar ao primeiro livro, mas suas histórias jamais chegam ao papel. Em contrapartida, os leitores da vida real mergulham nos pensamentos da jovem, lírica e imprevisível. Com uma narrativa sem linearidade, Vergonha dos pés alterna o presente de Ana, sozinha e entediada, com momentos da adolescência dela, sua conturbada relação com os pais, conversas com Elisa e toda a história de amor com Jaime. Paralelamente, os personagens que existem somente na imaginação da jovem vivem tramas sórdidas e repletas de emoções extremadas, que facilmente se confundem com os sentimentos de sua criadora.
Os melhores momentos de Os Normais - Alexandre Machado e Fernanda Young
Rui e Vani são inteligentes, divertidos, apaixonados, urbanos - absolutamente normais. A química perfeita entre os actores brasileiros Luiz Fernando Guimarães e Fernanda Torres, aliada ao texto afiado e irónico de Fernanda Young e Alexandre Machado, transformou esta série de tv sobre os desejos e loucuras de um casal meio neurótico e muito ousado num líder de audiências no Brasil. Os Melhores Momentos de "Os Normais", reúne, em livro, algumas das cenas mais hilariantes vividas por esta dupla.
DVD
Muito gelo e dois dedos d'água. diretor de cinema: Daniel Filho. roteirista: Alexandre Machado e Fernanda Young.
Mais informações sobre vida e obras de Fernanda Young em https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernanda_Young
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