segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Dicas de Leitura - Vozes da Amazônia

 

As sugestões de livros do acervo SMB de novembro de 2021 ajudam a compreender o que é a Floresta Amazônica, quem são seus habitantes e quais são as suas realidades a partir dos olhares e das palavras de autores e autoras, cujas trajetórias estão ligadas à floresta e ao bioma. 

Na série Dicas de Leitura sobre os Biomas do Brasil distinguimos cada um deles - Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal - indicando livros com informações sobre fauna, flora, costumes, lendas , regionalismos, políticas públicas, etc., e também autores notáveis oriundos de cada região, com obras que integram os acervos infantil e adulto do Sistema Municipal de Bibliotecas. Com o título Vozes da Amazônia, iniciamos a série em novembro de 2021 com a seleção de livros cujo assunto seja relevante e identifique a região no Brasil.

A Amazônia é uma floresta latifoliada úmida que cobre a maior parte da Bacia Amazônica da América do Sul. Esta bacia abrange 7 milhões de quilômetros quadrados, dos quais 5 milhões e meio são cobertos pela floresta tropical. Inclui territórios pertencentes a nove nações. A maioria das florestas está contida dentro do Brasil, com 60% da floresta, seguida pelo Peru com 13% e com partes menores na Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. O Bioma Amazônia, um dos seis biomas do Brasil, ocupa cerca de 49% do território brasileiro abrangendo os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos Estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. A Amazônia possui a maior floresta tropical do mundo, equivalente a 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas que abrigam a maior quantidade de espécies da flora e da fauna. Contém 20% da disponibilidade mundial de água doce e grandes reservas minerais. A floresta Amazônica é auto-sustentável, ou seja, é um sistema que se mantém com seus próprios nutrientes num ciclo permanente. Existe um delicado equilíbrio nas relações das populações biológicas que são sensíveis à interferência humana. A Amazônia abriga uma infinidade de espécies vegetais e animais: 1,5 milhão de espécies vegetais catalogadas, 3 mil espécies de peixes, 950 tipos de pássaros, e ainda insetos, répteis e mamíferos. No Brasil, por questões políticas e econômicas, a região é delimitada por uma área chamada "Amazônia Legal" definida a partir da criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em 1966.

  Dicas de Leitura - Vozes da Amazônia - capas de livros

Amazônia, Amazônias - Carlos Walter Porto Gonçalves
Produto de 22 anos de uma pesquisa intensa, crítica e apaixonada sobre a região. Obra delineada para acabar com mitos sobre a realidade local e para dar o devido destaque aos protagonistas que se empenham em promover o desenvolvimento da região. Nem pulmão do mundo, intocável natureza, nem relíquia que desperta a cobiça das potências externas; a Amazônia é heterogênea, contraditória, desigual. Mais do que "Amazônia", são "amazônias" que se desvelam neste livro ousado e esclarecedor.
Amazônia -Política econômica; Amazônia - Condições sociais; Desenvolvimento econômico - Aspectos ambientais - Amazônia

Crônica de duas cidades: Belém e Manaus - Benedito Nunes  e Milton Hatoum
Duas visões bastante distintas contando a história das duas metrópoles-símbolo da região amazônica. Esse é o ponto de partida de Crônica de Duas Cidades, editado pela Secretaria de Cultura do Estado do Pará e que reúne em uma mesma publicação o amazonense Milton Hatoum e o paraense Benedito Nunes. Lançado em meio às comemorações pelos 390 anos de fundação de Belém do Pará, o livro mostra o olhar de cada escritor em relação à cidade em que vive: Benedito Nunes em Belém e Milton Hatoum em Manaus.
Belém (PA) - História; Manaus (AM) - História

Flores da Floresta Amazônica: a arte botânica de Margaret Mee - Margaret Mee
A obra traz sessenta dos principais trabalhos da artista inglesa, considerada uma das mais importantes ilustradoras botânicas do século XX. Esta edição apresenta desenhos adicionais produzidos durante suas viagens pela floresta, desde sua primeira expedição, em 1956. Os textos foram extraídos diretamente dos diários que ela mantinha durante suas extensivas aventuras pelo Amazonas, e trazem seus comentários sobre as flores, árvores, aves e animais da região, as rotas, itinerários e plantas encontradas, bem como suas opiniões sobre a floresta tropical brasileira que desaparecia rapidamente. Mee esteve envolvida em pesquisas no Instituto de Botânica de São Paulo, o que proporcionou a Margaret viagens por todo o Brasil e ampliou seus conhecimentos sobre as plantas e suas riquezas. Manifestava frequentemente seu desagrado em relação à exploração destrutiva da Floresta Amazônica, o que se transformou em uma cruzada apaixonada pela preservação do ambiente, que conquistou a admiração e o respeito de muitos, como o amigo Roberto Burle Marx.O reconhecimento de seu trabalho chegou em forma de suporte financeiro concedido pelo governo brasileiro, pela Sociedade Geográfica Nacional e pelo Prêmio Guggenheim. Nove novas espécies de plantas registradas por Margaret Mee, anteriormente desconhecidas pela ciência, levaram seu nome em sua homenagem, incluindo a Aechmea meeana, a Sobralia margaretae e a Neoregelia margaretae.
Mee, Margaret ,1909-1988;  Flores - Amazônia; Ilustrações botânicas - Amazônia;  Amazônia - Descrições e viagens - Século 20

Ideias para adiar o fim do mundo - Ailton Krenak
Krenak, líder indígena, critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma "humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô".
Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno. Daí que a resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais. Somente o reconhecimento da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo.
Natureza - Influência sobre a natureza; Ecologia; Conservação da natureza; Proteção ambiental

 A queda do céu: palavras de um xamã yanomami - Davi Kopenawa  e Bruce Albert
Um grande xamã e porta-voz dos Yanomami oferece neste livro um relato excepcional, ao mesmo tempo testemunho autobiográfico, manifesto xamânico e libelo contra a destruição da floresta Amazônica. Recheada de visões xamânicas e meditações etnográficas sobre os brancos, esta obra não é apenas uma porta de entrada para um universo complexo e revelador. É uma ferramenta crítica poderosa para questionar a noção de progresso e desenvolvimento defendida por aqueles que os Yanomami - com intuição profética e precisão sociológica - chamam de "povo da mercadoria". Esta nova edição de Ideias para adiar o fim do mundo, resultado de duas conferências e uma entrevista realizadas em Portugal entre 2017 e 2019, conta com posfácio inédito de Eduardo Viveiros de Castro.
Kopenawa, Davi, ca. 1956- ; Xamãs - Brasil - Biografia; Índios Yanomami - Brasil - Biografia; Índios Yanomami - História; Xamanismo - Brasil - História

A vida não é útil  - Ailton Krenak
Em reflexões provocadas pela pandemia de covid-19, o pensador e líder indígena Ailton Krenak volta a apontar as tendências destrutivas da chamada “civilização”: consumismo desenfreado, devastação ambiental e uma visão estreita e excludente do que é a humanidade. A vida não é útil reúne cinco textos adaptados de palestras, entrevistas e lives realizadas entre novembro de 2017 e junho de 2020.
Humanidade (Conduta); COVID-19 (Doença); Vida sustentável; Aquecimento global; Sustentabilidade

Dicas de Leitura - Vozes da Amazônia capas literatura infantil e adulto


LITERATURA INFANTOJUVENIL

A árvore de carne: e outros contos - Lia Minapoty e Yaguarê Yamã
Edição com seis contos da mitologia do povo Maraguá, descendente da antiga civilização Tapajônica – que desenvolveu sofisticada cerâmica decorada, habitante da região do rio Abacaxis, no Amazonas. O fato de ambos os autores serem originários de tal cultura busca anular a presença de um branco como intermediário das narrativas – um pajé sai em busca de novos poderes guiado por uma voz misteriosa; o deus Guarimonãg se encontra cercado por forças malignas e usa uma árvore para se defender; o garoto deixa a aldeia e vai morar em plena mata por amor à natureza; um jovem casal apaixonado desenvolve plano para conseguir o consentimento dos pais da moça; um homem resolve se opor às proibições da tribo e enfrenta as maldições de uma lagoa e, por fim, é narrada a origem do povo Maraguá. O volume contém um glossário que explica os significados de palavras do idioma Maraguá – e de outras línguas indígenas – e do vocabulário típico da Amazônia.
Literatura infantojuvenil; Histórias indígenas

Com a noite veio o sono - Lia Minapoty
Existem muitas explicações para a existência do dia e da noite, desde as científicas, passando pelas religiosas e as histórias de tradição oral. A autora indígena Lia Minápoty brinda seus leitores com a história do nascimento da noite que seu povo, os Maraguá, conta geração após geração. A lenda revela como era impossível que esse povo dormisse e descansasse sem a existência da noite e nos convence, com muita poesia, ilustrada pelos belos desenhos de Maurício Negro, de como a noite é necessária para que os homens continuem a viver e a produzir.
Literatura infantojuvenil; Histórias indígenas

Tainãly, uma menina Maraguá (Tainãly, yepé tainãê Maraguá) - Lia Minapoty
Conta a história de uma menina indígina do povo Maraguá que vive no estado do Amazonas. Tainãly nos convida a conhecer sua aldeia, brincar, ver bichos da floresta e aprender muitas palavras novas. Texto bilíngue (português e língua maraguá).
Literatura infantojuvenil; Histórias indígenas

Brasileirinhos da Amazônia: poesia para os bichos da nossa maior floresta - Lalau e Laurabeatriz
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical em extensão do mundo, e guarda entre suas árvores a maior reserva de biodiversidade do planeta. São incontáveis plantas, insetos e animais que vivem e mantêm viva a nossa grande floresta. Os parceiros de longa data, Lalau e Laurabeatriz, transformam em poemas e ilustrações alguns animais que habitam a Amazônia e são importantíssimos para a fauna brasileira. Do cachorro-do-mato-vinagre ao besouro-hércules, essa seleção vai divertir e conscientizar os pequenos leitores sobre os tesouros vivos do Brasil.
Poesia infantil brasileira; Animais - Literatura infantojuvenil - Amazônia


LITERATURA - ROMANCE BRASILEIRO E POESIA

Dois irmãos - Milton Hatoum
Ganhador do Prêmio Jabuti de 2001, Dois irmãos é a história de como se constroem as relações de identidade e diferença numa família em crise. O enredo desta vez tem como centro a história de dois irmãos gêmeos - Yaqub e Omar - e suas relações com a mãe, o pai e a irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da família, e seu filho, que é quem narra, trinta anos depois, os dramas que testemunhou calado. Buscando a identidade de seu pai entre os homens da casa, ele tenta reconstruir os cacos do passado, ora como testemunha, ora como quem ouviu e guardou mudo, as histórias dos outros. Do seu canto, ele vê personagens que se entregam ao incesto, à vingança, à paixão desmesurada. O lugar da família se estende ao espaço de Manaus, o porto à margem do rio Negro: a cidade e o rio, metáforas das ruínas e da passagem do tempo, acompanham o andamento do drama familiar.
Há também a edição de Fábio Moon, Gabriel Bá adaptada para história em quadrinhos.
Romance brasileiro - Século 20; Histórias de família

Mad Maria - Marcio Souza
Relata a construção da ferrovia Madeira-Mamoré entre 1907 e 1912, época em que os investidores tinham o objetivo de construir uma estrada que pudesse competir com o Canal do Panamá. A ferrovia integraria uma região rica em látex na Bolívia com a Amazônia, mas no caminho, encontraria obstáculos descomunais: 19 cataratas, 227 milhas de pântanos e desfiladeiros, centenas de cobras e escorpiões, árvores gigantescas e milhões de mosquitos transmissores de malária. Antes de terminadas as obras, 3,6 mil homens estavam mortos, 30 mil hospitalizados e uma fortuna em dólares desperdiçada na selva. Ao escolher os episódios mais macabros e inacreditáveis dos registros históricos dos cinco anos da construção da ferrovia e concentrando-os em três meses de pesadelo, Márcio Souza força o leitor - neste momento já quase um personagem emaranhado na vegetação - a confrontar o inferno. Mad Maria é um romance amargo e vingador, sarcástico, às vezes. Uma obra-prima da literatura brasileira.
Romance brasileiro - Século 20; Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
Veja também do autor Márcio Souza o livro Galvez, O Imperador do Acre

Maria Altamira : romance - Maria José Silveira
Maria Altamira narra a emocionante trajetória de mãe e filha: ainda que as duas sigam caminhos distintos, ambas testemunham miséria, injustiças e devastação ambiental. Em 1970, um terremoto provocou o soterramento da cidade de Yungay, no Peru. Uma das poucas sobreviventes é Alelí, jovem que perdeu os pais, os irmãos, o namorado e a filha. Em choque, parte sem rumo, percorrendo vários países da América do Sul. Numa das paradas, conhece Manuel Juruna, que se encanta com ela e a leva para a aldeia do Paquiçamba, na Volta Grande do Xingu, Pará. Alelí quase encontra a paz na nova vida: quando está prestes a dar à luz um filho de Manuel, ele é encontrado morto, vítima de um pistoleiro contratado por madeireiros da região. De novo assolada por uma tragédia, deixa a aldeia e chega à cidade de Altamira, onde é acolhida pela enfermeira Chica. Convencida de que traz má sorte a quem ama, Alelí abandona a recém-nascida, que recebe o nome de Maria Altamira. Anos depois, Maria Altamira acompanha com indignação as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, certa de que destruirá a vida de comunidades ribeirinhas e indígenas do rio Xingu. Muda-se para São Paulo em busca de oportunidades e vai morar num prédio ocupado no centro da cidade, onde abraça a causa dos sem-teto. Em seu trabalho em um escritório de advocacia, consegue orientações para encontrar o assassino do pai. O destino, por fim, unirá mãe e filha, mulheres fortes e tão marcadas pela destruição?
 Romance brasileiro - Século 21;  Mãe e filhas - Ficção; Índios - Ficção

Romanceiro - Elson Farias
Elson Farias faz, em seus poemas, a representação do homem amazônico, sobretudo o ribeirinho: sincretismo religioso, sexualidade da mulher, existencialismo, seres encantados, fetiches, mitos refigurados e memória.
Poesia brasileira - Século 20

Mapa dos biomas do Brasil


Links de interesse sobre a Amazônia
Ministério do Meio-Ambiente - Amazônia Amazônia mma.gov.br
COP-26 Cúpula do Clima das Nações Unidas HOME - UN Climate Change Conference (COP26) at the SEC – Glasgow 2021 ukcop26.org
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Biomas | IBGE - biomas
Amazônia - notícia e informação https://amazonia.org.br/
Wikipedia  https://pt.wikipedia.org/wiki/AmazôniaAmazônia_Legal e Sete maravilhas Naturais do Mundo

 Veja aqui outras Dicas de Leitura.
Confira também as Dicas de Dicas de Leitura de março de 2015 sobre o Dia Mundial da Floresta e da Água, as Dicas de Leitura de setembro de 2013 sobre a Amazônia, e as Dicas de Leitura de junho de 2011 sobre o Meio Ambiente.

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