sexta-feira, 24 de maio de 2019

Dicas de Leitura - Chico Buarque e Camões

Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque nasceu no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944. É músico, dramaturgo, escritor e ator brasileiro, conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Em 21 de maio recebeu o "Prêmio Camões de Literatura 2019", premiação que consagra um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa. A Biblioteca Nacional informa em seu site que "o júri decidiu, por unanimidade, atribuir o Prémio Camões a Chico pela qualidade e transversalidade da sua obra, tanto através de gêneros e formas, quanto pela sua contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa. O Júri reconheceu o valor e o alcance de uma obra multifacetada, repartida entre poesia, drama e romance. O seu trabalho atravessou fronteiras e mantém-se como uma referência fundamental da cultura do mundo contemporâneo”.


O IRMÃO ALEMÃO (2014)
A partir da memória e da história familiar, Chico Buarque constrói romance sobre a busca obsessiva do autor/narrador por um irmão desconhecido, misturando as fronteiras entre ficção e realidade.
Na São Paulo dos anos 1960, o adolescente Francisco de Hollander, ou Ciccio, encontra uma carta em alemão dentro de um volume na vasta biblioteca paterna, a segunda maior da cidade. Em meio a porres, roubos recreativos de carros e jornadas nem sempre lícitas a livros empoeirados, surgem pistas que detonam uma missão de vida inteira. Ao tentar traçar o destino de seu irmão alemão, parece também estar em jogo para o narrador ganhar o respeito do pai, que, apesar dos arroubos intelectuais de Ciccio, tem mais afinidade com Domingos, ou Mimmo, seu outro filho, galanteador contumaz, leitor da Playboy e da Luluzinha, e sempre a par das novas sobre Brigitte Bardot. A despeito das tentativas de mediação da mãe, Assunta - italiana doce e enérgica, justa e com todos compreensiva -, a relação dos irmãos é quase feita só de silêncio, competição e ressentimento.
Num decurso temporal que chega à Berlim dos dias presentes, e que tem no horror da ditadura militar brasileira e nos ecos do Holocausto seus centros de força, O irmão alemão conduz o leitor por caminhos vertiginosos através dessa busca pela verdade e pelos afetos.

LEITE DERRAMADO (2009)
Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. A fala desarticulada do ancião cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar. Tudo, neste texto, é conciso e preciso; como num quebra-cabeça bem concebido, nenhum elemento é supérfluo. Percorre todo o livro a paixão mal vivida e mal compreendida do narrador por uma
mulher. Os múltiplos traços de Matilde, seu "olhar em pingue-pongue", suas corridas a cavalo ou na praia, suas danças, seus vestidos espalhafatosos, ao mesmo tempo que determinam a paixão do marido e impregnam indelevelmente sua lembrança, ocasionam a infelicidade de ambos. Embora vista de forma indireta e em breves flashes Matilde se torna, também para o leitor, inesquecível.Outras figuras, fixadas a partir de mínimos traços, circulam pela memória do protagonista: o arrogante engenheiro francês Dubosc; a mãe do narrador, que, de tão reprimida e repressora, "toca" piano sem emitir nenhum som; a namorada do garotão com seus piercings e gírias. É espantoso como tantas personagens ganham vida neste breve romance. Leite derramado é obra de um escritor em plena posse de seu talento e de sua linguagem.

TANTAS PALAVRAS (2006)
Todas as letras & Reportagem biográfica de Humberto Werneck
Lançado em 1989, reeditado em 1995 e esgotado há muitos anos, o songbook Chico Buarque: letra e música converteu-se não apenas num sucesso de público, como também na principal fonte de informação sobre a vida e a obra do compositor. Reformulado e bastante enriquecido, o livro volta agora às prateleiras com novo título, reunindo todas as letras escritas por Chico desde "Tem mais samba" (1964), que ele considera o marco zero de sua carreira, até o CD Carioca (2006). Também faz parte do livro uma extensa reportagem biográfica escrita pelo jornalista Humberto Werneck a partir de pesquisas e de entrevistas feitas com o próprio Chico e com personagens como Tom Jobim, Edu Lobo, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

BUDAPESTE (2003)
Ao concluir a autobiografia romanceada O ginógrafo, a pedido de um bizarro executivo alemão que fez carreira no Rio de Janeiro, José Costa, um ghost-writer de talento fora do comum, se vê diante de um impasse criativo e existencial. Escriba exímio, "gênio", nas palavras do sócio, que o explora na "agência cultural" que dividem em Copacabana, Costa, meio sem querer, de mera escrita sob encomenda passa a praticar "alta literatura". Também meio sem querer, vai parar em Budapeste, onde buscará a redenção no idioma húngaro, "segundo as más línguas, a única língua que o diabo respeita".
O romance ganhou o Prêmio Jabuti de melhor livro de 2003 e o IV Prêmio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, em 2005.

BENJAMIM (1995)
Girando em torno da obsessão pela morte de uma mulher, um enigma na vida do protagonista, Benjamim, o segundo romance de Chico Buarque, narra a história de um ex-modelo fotográfico que, como uma câmara invisível, vê o mundo desfilar diante de seus olhos sob uma atmosfera opressiva. Sem conseguir distinguir o que vê fora de si do seu passado, e de si mesmo, Benjamim avança, pouco a pouco, em direção ao destino trágico que sua obsessão lhe reserva.

ESTORVO (1991)
A campainha insiste, o olho mágico altera o rosto atrás da porta e o narrador inicia uma trajetória obsessiva, pela qual depara com situações e personagens estranhamente familiares.Narrado em primeira pessoa, Estorvo se mantém constantemente no limite entre o sonho e a vigília, projeções de um desespero subjetivo e crônica do cotidiano. E o olho mágico que filtra o rosto do visitante misterioso talvez seja a melhor metáfora da visão deformada com que o narrador, e o leitor com ele, seguirá sua odisséia.
Prêmio Jabuti 1992 de Melhor Romance

CHAPEUZINHO AMARELO (1979) INFANTIL
Ilustrações de Ziraldo
Chapeuzinho Amarelo conta a história de uma garotinha amarela de medo. Tinha medo de tudo, até do medo de ter medo. Era tão medrosa que já não se divertia, não brincava, não dormia, não comia. Seu maior receio era encontrar o Lobo, que era capaz de comer “duas avós, um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz e um chapéu de sobremesa”. Ao enfrentar o Lobo e passar a curtir a vida como toda criança, Chapeuzinho nos ensina uma valiosa lição sobre coragem e superação do medo. O Livro de Chico Buarque recebeu, em 1979, o selo de “Altamente Recomendável”, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), e, em 1998, Ziraldo conquistou o Prêmio Jabuti na categoria Ilustração.

FAZENDA MODELO: NOVELA PECUÁRIA (1974)
O livro tem uma história extremamente semelhante à obra A Revolução dos Bichos, de George Orwell, escrita 30 anos antes, na qual o autor também cria um mundo fictício, este composto por uma fazenda na qual seus habitantes, animais, promovem uma revolução para que pudessem se libertar da opressão do fazendeiro, antigo proprietário do local. A disputa por poder entre os bichos leva, no entanto, a desenrolares imprevistos, reforçando a tese defendida tanto por Orwell quanto por Buarque, em suas respectivas obras, de que o poder político, concentrado nas mãos de uma elite dominante, acaba por gerar grande opressão, em detrimento do bem comum.

Além dos livros selecionados acima, há nas bibliotecas outras obras de e sobre Chico Buarque.
Há também uma grande variedade de livros sobre Camões, poeta nacional de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental.

Sobre o Prêmio Camões:  instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988, é atribuído aos autores que tenham contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. É considerado o mais importante da literatura a premiar um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra. Atribuído anualmente, alternadamente no território de cada um dos dois países, a decisão cabe a um júri especialmente constituído para o efeito. Vencedores por paíz: Angola 2, Brasil 13, Cabo Verde 2, Moçambique 2 e Portugal 13. Veja mais informações e os vencedores de cada ano na Wikipedia.

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